segunda-feira, 13 de maio de 2013

Justiça condena Natura


Empresa terá que pagar indenização
para trabalhadoras demitidas com LER/DORT


Trabalhadoras demiticas pela Natura reunidas com dirigentes do Unificados na Regional Osasco
DA REGIONAL OSASCO
No início de agosto a Natura foi condenada em primeira instância pela Vara do Trabalho de Cajamar a pagar indenizações para 10 ex-trabalhadoras da empresa, e a reintegrar outras duas. Ainda existem ações contra a empresa sobre o mesmo problema para serem julgadas.
Essas trabalhadoras foram demitidas pela Natura no final de 2010, e em sua grande maioria apresentam doenças ocupacionais, como LER/DORT, adquiridas nas linhas de produção da empresa.
Em uma das sentenças o Juiz do Trabalho Richard Wilson Jamberg afirma que as condições de trabalho na unidade Itapecerica eram inadequadas. “Não existindo rodízio, com cobrança de ritmo de produção, sem pausas, com condições ergonômicas insatisfatórias e inadequadas”.
A sentença afirma também que a responsabilidade pelos danos a saúde das trabalhadoras é da Natura. “Ao não proporcionar um ambiente plenamente saudável a seus empregados, assume o empregados os riscos de ter que arcar com todas as conseqüências que possam resultar de tal situação”, diz o Juiz.
Mesmo com a vitória em primeira instância, o caminho para obter justiça ainda será longo para essas trabalhadoras. A Natura recorreu da sentença, e mais uma vez mostrou, que como todas as empresas, visa somente o o lucro.
Mal Estar
Este grupo de trabalhadoras da Natura, portadoras de doenças do trabalho, procurou o Sindicato para apoiá-las na organização de ações para denunciar e divulgar a atual situação de saúde na empresa.
Por conta do ritmo de trabalho, da pressão por produção, e da falta de atenção por parte da empresa, é cada vez maior o número de trabalhadores e trabalhadoras doentes na Natura.
Esse grupo, em parceria com o Sindicato, realizará diversas ações para denunciar aos trabalhadores da empresa, acionistas e para a comunidade em geral os problemas de saúde existentes na Natura.
Brasília
Sindicalistas e trabalhadoras com Pedro Ivo, assessor de Marina Silva
Na época em que as trabalhadoras foram demitidas, final de 2010, uma comissão formada por dirigentes do Sindicato Químicos Unificados e trabalhadoras foi até Brasília e entregou um dossiê com denúncias contra a empresa para parlamentares e representantes do Ministério do Trabalho.
A primeira reunião realizada foi na Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados, com os deputados federais Ivan Valente e Alex Canziani, do PTB/PR, presidente da Comissão.
Também foram realizadas reuniões com assessores do Ministro do Trabalho e da ex-senadora e Marina Silva.
Segundo o dirigente do Unificados Paulo Soares, que esteve em Brasília com as trabalhadoras, o Sindicato pretende organizar novas ações de denúncia como esta. “É importante mostrar para a sociedade que a Natura não é uma empresa diferente das outras. Apesar de toda a propaganda, ela também visa somente o lucro e não se importa com a saúde de seus trabalhadores”.
Histórico
No dia 29 de novembro de 2010 a Natura, empresa da base do Unificados localizada em Cajamar, demitiu aproximadamente 30 trabalhadoras, em sua grande maioria lesionadas, e alegou falta de comprometimento.
As trabalhadoras demitidas pela Natura estavam em reabilitação e trabalhavam em linhas de produção específicas para funcionários em recuperação. Uma dessas linhas, inclusive, foi desativada.
A esmagadora maioria das funcionárias dispensadas é de mulheres, entre 35 e 44 anos que adoeceram ao exercer suas funções nas linhas de produção da Natura, como Conclui o médico do trabalho do Sindicato dos Químicos Unificados, Doutor Roberto Carlos Ruiz.
“Pela minha avaliação profissional, a maioria é portadora de doenças compatíveis moléstia músculo-esquelético, relacionadas ao trabalho, como bem reconhece a própria empresa, conforme abertura de CAT para a maioria”, completa o médico.
O Doutor Roberto Ruiz também destaca que se trata de casos crônicos que necessitam de atenção médica e saúde especializada em caráter prolongado.
Há casos como a demissão de uma funcionária que ficou afastada oito anos pelo INSS e já fez uma cirurgia no ombro e tem outra programada. A de uma funcionária que teve quatro anos de afastamento pelo INSS e fez duas cirurgias: uma no cotovelo e outra no punho. E ainda outra, 6 anos afastada pelo INSS, quatro cirurgias, três na mão direita e uma no cotovelo.
Veja Também:

Nenhum comentário:

Postar um comentário