domingo, 2 de junho de 2013

É preciso dar valor às pessoas', diz vítima da boate Kiss ao ter alta no RS

Cristina Peiter teve alta na última quarta-feira (29), em Porto Alegre.
Fantástico acompanhou a saída do hospital e a festa preparada para ela.

Cristina Peiter recebeu alta na quarta-feira (Foto: Reprodução/RBS TV)
Dois dias após a tragédia da boate Kiss ter completado quatro meses, a sobrevivente Cristina Peiter, de 24 anos, pôde enfim voltar para casa, em Casca, na Região Norte do Rio Grande do Sul. O Fantástico acompanhou a saída da jovem do hospital em Porto Alegre, a viagem de 200 quilômetros e a festa preparada para ela por centenas de familiares, amigos e até desconhecidos da cidade na última quarta-feira (29). O incêndio, que ocorreu no dia 27 de janeiro em Santa Maria, causou a morte de 242 pessoas. Duas pessoas seguem internadas na capital.
Além das marcas na pele, Cristina leva consigo uma lição: a de valorizar a vida. “A gente precisa passar por isso para aprender a dar valor às coisas e às pessoas”, diz. Ela teve 22% do corpo queimado, precisou fazer enxertos de pele e ficou entre a vida e a morte durante 25 dias na UTI. Durante um mês, respirou com a ajuda de aparelhos, como mostra a reportagem do Fantástico deste domingo (2).
Cristina deve continuar o tratamento das queimaduras por pelo menos cinco anos, mas agora o drama acabou. A jovem quer concluir o curso de engenharia florestal e seguir a mesma carreira do pai. Já pensa até nos preparativos para a formatura, marcada para agosto.
“Vai ter que ser um vestido todo fechado porque eu pretendo esconder todas as minhas manchas da pele, mas nem por isso precisa ser um vestido feio. Quero que o estilista me ajude, que tenha alguma ideia bem legal”, diz a jovem, com alegria.
Na quarta-feira, além de Cristina, o jovem Marcos Belinazzo Tomazetti também deixou o Hospital de Clínicas. Seguem internados na capital gaúcha Renata Pase Ravanello e Ritchieli Pedroso Lucas. Na última semana, Cristina contou ao G1 como foi sua recuperação ao longo de mais de quatro meses de internação e falou dos planos para o futuro. Ela teve 22% do corpo queimado, entre braços, ombros e costas. “Estou bem. Com um pouco de medo, insegura, mas tranquila”.
Cristina Peiter estuda engenharia florestal (Foto: Arquivo Pessoal)No dia da tragédia, Cristina foi para a festa na Kiss de última hora. Ela estudava na cidade e dividia apartamento com o irmão. Já na casa noturna, encontraram um grupo de amigos. Um deles morreu durante o tumulto. “Vi a saída, mas não consegui chegar. Desmaiei lá dentro. Lembro que acordei fora e comecei a gritar, estava desesperada de dor. Me colocaram em um carro, acho que era da Brigada Militar, e me levaram para o hospital. Fui desacordada", recorda.
Quando a jovem acordou, já estava no hospital. "Estava uma confusão, ninguém sabia o que fazer. Pedi para uma pessoa ajudar a pegar meu celular e liguei para o meu irmão. Quando ele chegou, conseguiu ajuda para mim. Depois disso, só acordei na CTI de Porto Alegre”, lembra
Com cicatrizes e marcas no corpo, a vaidade é um dos temas mais sensíveis para a jovem. “Tenho medo que as pessoas me vejam com pena. Mas não quero que sintam pena de mim, estou bem. O que vai ficar são as marcas, isso não tem como não ficar”, emociona-se. “O que eu mais quero é voltar para casa, ficar com meus pais, aproveitar todo mundo. Tudo vai mudar. São provas que a gente precisa passar”, completa.

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