segunda-feira, 29 de abril de 2013

Mortes relacionadas ao trabalho vitimam 2 milhões

Dados alarmantes da OIT são lembrados no Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes de Trabalho, 28 de abril. Categoria bancária está entre as que mais apresentam problemas de saúde.
São Paulo – A Organização Internacional do Trabalho (OIT) aponta 2,34 milhões de mortes relacionadas ao trabalho a cada ano. A estimativa, considerada inaceitável pela OIT, é ainda mais surpreendente quando se revela que a grande maioria dessas mortes (2,02 milhões) deve-se a doenças do trabalho e um percentual comparativamente bem menor (321 mil) resulta de acidentes. Ainda segundo a OIT, as mortes que resultam de doenças laborais chegam a uma média diária de 5.500. Além disso, 160 milhões de pessoas no mundo sofrem com enfermidades não letais relacionadas à sua atividade produtiva.
No Brasil, as estatísticas também são assustadoras. O Ministério da Previdência registrou 711 mil casos de acidentes de trabalho em 2011, os quais resultaram em 2.844 mortes e 14.811 pessoas com incapacidade permanente.

Dados como esses fazem do Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes de Trabalho, 28 de abril, uma data para refletir e exigir mudanças. “Este ano a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e outras centrais sindicais escolheram o tema Pelo fim dos Acidentes Graves e Fatais. Dar um basta nesses números alarmantes é condição fundamental na defesa do trabalho decente, que é nossa bandeira”, diz a secretária de Saúde do Sindicato, Marta Soares.

Marta lembra que a categoria bancária apresenta dados epidêmicos de problemas de saúde como as LER/Dort, depressão e síndrome do pânico. “O movimento sindical sempre pautou o fim das metas abusivas nos bancos, que levam ao assédio moral e ao adoecimento físico e psíquico da categoria. Além do fim das metas abusivas, cobramos ainda mais contratações e o fim das demissões num cenário em que as instituições financeiras continuam lucrando de forma astronômica, enquanto os empregados estão sobrecarregados.”

O Sindicato consultou bancários de sua base em 2011 e os resultados comprovaram que as condições de trabalho no setor financeiro são a principal causa de problemas de saúde. Dos entrevistados, 84% responderam ter algum sintoma de doença relacionada ao trabalho e 65% disseram sofrer de estresse, quando a média da população é de 30%. Os bancários foram convidados a falar sobre a profissão e as palavras e frases mais usadas foram estresse; apreensão constante; medo da exposição pública e comparação com os colegas; medo da insegurança (assaltos, violência); acúmulo de tarefas; responsabilidade sem a devida autoridade.

“São situações que adoecem os trabalhadores, prejudicam toda a família e a sociedade em geral. Situações que resultam em gastos públicos bilionários com saúde e previdência”, destaca Marta. “As empresas têm de cumprir o que determinam as leis de proteção ao trabalhador e investir em prevenção, em ambientes adequados de trabalho. E o governo tem de cumprir seu papel fiscalizador. O Sindicato sempre lutou e continuará lutando pela saúde e integridade física dos trabalhadores”, afirma a dirigente.

Terceirização – Estudo do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta que de cada 10 vítimas de acidentes de trabalho no Brasil, oito são terceirizados. “Não temos dados oficiais do setor financeiro, mas sabemos que as condições de trabalho dos terceirizados são piores ainda porque eles têm jornadas maiores, salários menores e não têm sindicatos fortes para protegê-los”, diz Marta.

Em outros setores, as estatísticas não deixam dúvidas de que o maior número de acidentes de trabalho, fatais ou não, vitima trabalhadores de empresas prestadoras de serviço.

No setor elétrico, por exemplo, onde mais da metade da força de trabalho é terceirizada – em 2008 eram 101 mil trabalhadores próprios contra 121 mil terceirizados – o número de mortes é bem maior entre os terceirizados. Dados apurados pelo Dieese mostram que a taxa de mortalidade foi 3,21 vezes superior entre os terceirizados do que o verificado entre trabalhadores nos quadros próprios das empresas. A taxa ficou em 47,5 para os terceirizados contra 14,8 para os trabalhadores do quadro próprio das empresas, entre os anos de 2006 a 2008.



Andréa Ponte Souza - 26/4/2013



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