terça-feira, 23 de abril de 2013

Ministério da Saúde avalia proposta de campanha sobre riscos do salto


Deputado Federal de Mogi sugeriu trabalho de esclarecimento.
Segundo ortopedista, preferência deve ser por conforto dos pés.

O Ministério da Saúde avalia a criação de uma campanha para conscientizar as mulheres sobre os riscos do salto alto. De acordo com o Ministério, o documento solicitando a ação, enviado pelo deputado federal Junji Abe na última semana, está na área técnica e a análise não tem prazo para ser concluída.
A sugestão foi feita por causa da preocupação dos vereadores de Mogi das Cruzes, na Região Metropolitana de São Paulo, que discutiram o assunto na câmara em fevereiro e aprovaram uma moção, que foi enviada ao deputado.
A discussão começou quando o vereador Benedito Faustino Taubaté viu em um programa de TV americano os riscos que este tipo de sapato traz à saúde. Depois disso, o parlamentar ainda disse que encontrou na internet fotos dos pés da atriz americana Sara Jessica Parker, que teriam sido castigados pelo uso excessivo de salto. “O objetivo do trabalho que eu fiz é justamente alertar, orientar a mulher, que ela tome as devidas cautelas com o uso do sapato. Isso é exemplo do que ocorre com bebida alcoólica, com o cigarro e até mesmo com a gordura trans”, explica Taubaté.
Exames mostram efeitos do salto no pé em Mogi das Cruzes (Foto: Reprodução/TV Diário)
O vereador apresentou então a moção na Câmara, que foi aprovada por unanimidade pelos colegas. O documento é um pedido para que os deputados federais aprovem uma lei para exigir que no interior dos calçados esteja um selo com o seguinte aviso: “O Ministério da Saúde adverte, o uso excessivo de sapato com salto acima de 4 cm pode ser prejudicial à saúde.”
Ao invés de propor um projeto de lei, a assessoria do deputado federal Junji Abe informou que ele preferiu enviar a indicação ao Ministério da Saúde. Segundo o advogado Ricardo Arouca, especialista em direito público, a moção é uma proposição prevista no regimento, mas, para ele, essa não era a melhor alternativa neste caso. "É uma simples sugestão que foi encaminhada a um deputado. isso o vereador poderia fazer pessoalmente, encaminhando ao deputado federal, que esse sim pode apresentar proposições ao Congresso", avalia.
Vício em salto
A analista de finanças Fernanda Mayra de Oliveira usa o salto alto para trabalhar e também na hora de se divertir. “Dá uma sensação de poder, a gente está a centímetros do chão. A gente gosta disso, se sente mais confiante, mais feminina. É totalmente diferente. Muda por fora e muda por dentro.”
Em uma clínica de ortopedia, Fernanda aceitou fazer um raio-X dos pés usando salto alto e com um sapato comum. Do alto, é possível perceber que com o salto, os dedos ficaram apertados e até ganharam um novo formato. Já de lado, a imagem mostra que com o sapato o pé de Fernanda ficou a um ângulo de quase 77 graus do chão. “Toda carga do seu pé escorrega no sapato, é atirada para frente. O bico fino faz o V no dedo e a sobrecarga é muito grande”, explica o ortopedista Flávio Maeda.
Segundo o médico, o uso exagerado de salto pode causar problemas nos nervos e nos ossos, como lesões degenerativas, hipertrofia de nervos, etc. “De preferência, dê conforto aos pés, porque lá na frente vai ter uma lesão degenerativa, isso é inegável. Eu sempre falo para os pacientes assim: você vai comprar dois carros iguais, uma pessoa vai andar direitinho, o outro vai fazer rally. Lá na frente o cara que fez rally vai ter um carro de rally e o outro que usou adequadamente o carro vai ter um carro bom.”
Apesar das recomendações, Fernanda disse que não vai abandonar os saltos totalmente. Ela disse que vai aliviar um pouco apenas no trabalho. “A gente pode começar até a dar uma maneirada, porque é todo dia, oito horas por dia. Mas para sair impossível eu deixar o salto de lado.”

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